As pessoas são pessoas através de outras! Esta é a definição de Ubuntu, conceito proveniente da África Austral e que “reconhece e valoriza os direitos e responsabilidades de cada cidadão em promover o bem-estar individual e social” (Relatório do Estado do Voluntariado no Mundo, Organização das Nações Unidas, 2015).
Atualmente vivemos num mundo alheio ao ser humano. Observamos as famílias centradas na rotina, preocupadas no desenvolvimento de competências que construam um perfil competente e profissional nas crianças. Observamos índices de solidão e isolamento altíssimos, em franjas da comunidade desprovidas de recursos económicos, mas não só. O consumo é caracterizado pelo imediato, rápido e eficaz. Não aguardamos, nem sabemos esperar. Esquecemo-nos que as relações são feitas e construídas ao longo do tempo. Adiar o resultado de um investimento tornou-se doloroso. Queremos garantias sem as dar, em contrapartida.
É neste enquadramento que o voluntariado deverá assumir um especial destaque, essencialmente em comunidades pró sociais. O dispêndio de tempo das nossas vidas, capaz de oferecer ao outro uma Luz, uma quebra na rotina isolada e triste, em alguns casos. Um autêntico devolver da dignidade humana àqueles que mais necessitam pelas circunstâncias da vida.
Porém, é importante recordar como é bom construirmos relações improváveis, conhecer histórias de vida que na sua discrição tanto nos podem dar e enriquecer como pessoas. Como é bom sairmos da nossa zona de conforto e aprendermos a confiar em pessoas que o caminho nos trás, muitas vezes, sem razão aparente. Como é bom deslumbrarmo-nos com a realidade escondida em cada pessoa. Como é bom descobrirmos que conseguimos desempenhar funções diferentes daquelas a que estávamos habituados.
Fazer voluntariado trata-se não só de dar e cuiDAR, mas de abrir a nossa disponibilidade, quebrar as nossas barreiras e assumir que também nós precisamos dos outros que precisam de nós. Construir pontes e multiplicar caminhos.
O facto de em diversas culturas encontrarmos palavras que significam este tipo de relações demonstra que o terreno a semear é imenso e diversificado. Que as sementes podem assumir diferentes formas e feitios. Que o terreno fértil existe e que pode conter em si os frutos que podemos gerar.
No Centro Paroquial do Estoril acreditamos que o voluntariado é e deverá ser para todos, por isso adultos e crianças têm à disposição uma série de áreas onde poderão atuar, de forma adequada a cada idade, aprender a ser e a desenvolver a caridade. Esperamos por todos aqui no Centro!
Margarida Ribeiro
Coordenadora do Clube de Voluntariado