A Terapia da Fala representa uma das vertentes terapêuticas que pode contribuir para o “sucesso” escolar nas crianças com Perturbações de Linguagem.
O Ministério da Educação lança o decreto lei 116/2019 como escola inclusiva, com a primeira alteração, por apreciação parlamentar, ao Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, que estabelece o regime jurídico da educação inclusiva.
O papel do Terapeuta da fala deve ser o de uma construção diária da linguagem da criança, envolvendo uma equipa multidisciplinar.
Para que a terapia da fala não seja só eficaz, mas sobretudo eficiente, é fundamental que haja um apoio objetivo e esclarecedor, capacitando toda equipa envolvida, com estratégias adequadas à especificidade de cada criança, porque são eles (professores, cuidadores…) os intervenientes de primeira linha.
Esta capacitação passa por orientarmos, os educadores/professores e cuidadores, para que percebam através do seu “olhar”, o potencial da criança e o porquê do erro nas suas competências de linguagem.
Nesta apresentação identificamos exemplos do “olhar” e estratégias a aplicar para que as crianças com perturbações de linguagem sejam o mais funcionais e autónomas possível, de forma a participar mais ativamente em todas as atividades pedagógicas, demonstrando todo o seu potencial enquanto alunos.
É o saber analisar esses diferentes fenótipos de linguagem, que nos permitirá adequar as diferentes formas de intervir, com estratégias adequadas às suas especificidades. Diferenciar os erros de ortografia, nomeadamente um erro da norma (por questões da aprendizagem da leitura e da escrita), de um erro de caráter fonológico, é fundamental não só para o identificar, mas sobretudo porque a forma de o corrigir é diferente. Contudo nem só o erro ortográfico deve ser analisado, há muitas causas para uma resposta errada, podendo nomeadamente a criança:
- Desconhecer o léxico da pergunta;
- Não compreender a questão colocada (como diz a Teresa Rosado uma jovem disléxica, “muitas vezes nos testes, não sei o que a pergunta, pergunta”);
- Não conseguir retirar a informação pedida;
- Trocar nomes (défice na capacidade de evocação);
- Dificuldade em organizar as ideias para elaborar a resposta de forma estruturada;
- Outras…
O nosso lema é o de intervir em articulação com toda a equipa, de forma inteligente (não em quantidade), treinando o “olhar” para o conteúdo da mensagem que a criança produz, e não a forma como ela se expressa.
Como diz Álvaro Gomes desde 2007 “Escrever torto por linhas direitas, não tem de ser uma fatalidade… O papel da escola consiste, justamente, em preparar os alunos (todos os alunos) para que, sejam quais forem as circunstâncias, possam “escrever direito, mesmo se, por linhas tortas”.
Gracinda Antunes Valido – Terapeuta da Fala; Marina Moreira – Terapeuta da Fala; Joana Mendonça -Educadora de Infância.