O meu filho não é inteligente? Até quando devo esperar para pedir uma avaliação do meu filho? Afinal o que é mesmo a dislexia? Se tenho dislexia os meus filhos também vão ter dislexia
Antes de desmistificarmos esta problemática, vamos começar por definir o que é a dislexia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a dislexia trata-se de uma perturbação da linguagem escrita – ao nível da leitura e escrita- que se origina a partir de um défice fonológico e que não implica outras competências cognitivas e/ou sensoriais
Para esclarecer todas estas dúvidas, vamos desvendar algumas das verdades.
Existe cura para a dislexia?
Não. A dislexia tem um caráter permanente, porém, existem estratégias que permitem à criança funcionar bem ao nível da leitura e escrita, conseguindo assim alcançar os patamares esperados nas tarefas escolares.
Quando podemos diagnosticar a dislexia?
A dislexia apenas pode ser diagnosticada após dois anos do ensino formal da leitura e escrita. Porém, quando existem sinais de alerta ao nível da consciência fonológica, nomeadamente no jardim-de-infância, é imprescindível iniciar um trabalho mais intenso ao nível da consciência fonológica
Se o meu filho tem dislexia isso quer dizer que tem baixa inteligência?
Não. Vários estudos atuais indicam que as pessoas com dislexia apresentam uma inteligência dentro da média esperada e, em alguns casos, acima da média. As pessoas com dislexia por norma encontram-se abaixo do esperado na área da linguagem, especificamente na competência fonológica. Porém, têm por norma um elevado sucesso noutras áreas.
O meu filho vai ter más notas?
Não. Se a criança com dislexia for acompanhada de forma adequada, intensiva e utilizar as estratégias adequadas para combater as suas dificuldades, existem fortes possibilidades de corresponder às espectativas de aprendizagem escolar. Desta forma, ter sucesso ao nível académico e futuramente ao nível profissional.
Eu tenho dislexia. Os meus filhos vão ter?
Pode ou não verificar-se isto. Vários estudos apontam para um caráter hereditário tanto nas capacidades como incapacidades de aprendizagem. Porém este não se trata de um pré-requisito para tal. Desta forma é importante que os cuidadores se encontrem atentos aos sinais de alerta.
A dislexia tem origem em dificuldades de coordenação motora e/ou com alterações na lateralização?
Não. Estas alterações podem existir em crianças com dislexia porém não são marcadores cruciais para o diagnóstico de dislexia.
A dislexia é apenas um problema de criança?
Não. Grande parte dos diagnósticos de dislexia são efetuados em idade escolar porém esta mantêm-se ao longo da vida adulta com o indivíduo
A dislexia é diagnosticada por um médico?
Não. A dislexia não se trata de uma doença e, como tal, deverá ser diagnosticada por um avaliador que tenha competências específicas de avaliação da linguagem escrita (leitura e escrita). Um diagnóstico de dislexia deverá ser baseado em vários aspetos entre os quais: o registo do desenvolvimento do indivíduo (médico, familiar e educacional), a análise de relatórios e avaliações escolares e ainda uma avaliação ao nível da linguagem dando enfoque na consciência fonológica.
Todas as crianças com dificuldades na aprendizagem da leitura têm dislexia?
Não. A dislexia não se trata da única causa das dificuldades na leitura, estas podem dever-se a outras características do indivíduo, tanto ao nível do seu desenvolvimento como do ambiente onde se encontra e do meio onde aprende.
Só os rapazes têm dislexia?
Não. Contudo há uma prevalência maior nos rapazes tal como em outras perturbações.
Após o esclarecimento de algumas das principais verdades acerca da dislexia, sugerimos algumas atividades que pode realizar com o seu educando e que têm como objetivo efetuar uma estimulação eficaz.
- Integre a leitura no dia-a-dia da criança: Quando for, por exemplo, com a criança ao supermercado mostre-lhe vários produtos e peça-lhe que os identifique. Após a identificação correta por parte da criança mostre-lhe a palavra escrita na embalagem. Desta forma vai conseguir estimular o desenvolvimento da consciência de palavra.
- Outra atividade que pode incentivar o seu educando a realizar é a escrita de um diário. Desta forma irá conseguir promover de uma maneira mais informal e pessoal a escrita e posterior leitura do mesmo.
Sugestões de Leitura:
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v11n2/v11n2a05
http://terapiadafalaedesenvolvimento.blogspot.com/2013/11/dislexia-como-ajudar_19.html
https://pedimosgomascomoresgate.blogs.sapo.pt/5-perguntas-5-respostas-com-a-terapeuta-17074
Dificuldades de leitura e escrita: o que são? O que fazer? Quem pode ajudar?
Inês Gonçalves
GAP
Gabinete de Apoio de Psicologia